Qualquer usuário da língua foi “vítima” dos famosos casos de pleonasmo vicioso, como “ver com os olhos”, “subir para cima”, “descer para baixo”. Vejamos hoje alguns exemplos de repetições desnecessárias.
ACABAMENTO FINAL
A palavra “acabamento” já indica o fim, ou seja, é completamente desnecessário o “final”. É o “acabamento” ou apenas o “final” de uma determinada obra.
ABISMO SEM FUNDO
Você sabia que o sentido literal da palavra “abismo” é “sem fundo”? Normativamente, é suficiente expor apenas “abismo” como “lugar sem fundo”. No entanto, o uso vem consagrando “abismo” como “lugar muito fundo” – o que justificaria o pleonasmo, por parte de muitos usuários.
CRIAR CEM NOVOS EMPREGOS
Frase muito presente nas propagandas políticas, é um caso clássico sim de pleonasmo vicioso! O verbo criar já indica a novidade. Basta dizer “criar cem empregos”.
CONSENSO GERAL
Opa! Não há consenso que não seja “geral”. É terrível a frase “Houve consenso geral em relação às dívidas do condomínio”. Houve consenso e ponto-final.
ELO DE LIGAÇÃO
Viciosa expressão, pois figurativamente “elo” pode significar “união, ligação”. Basta dizer que alguma coisa funciona como “elo” ou que aquilo promove a “ligação” na empresa, por exemplo.
OCORREU EM TODOS OS PAÍSES DO MUNDO
Pergunta-se: alguém conhece algum país que não seja do mundo? Bastaria ter redigido “em todos os países”, “em todo o mundo” ou “no mundo inteiro”.
No entanto, nem toda repetição (redundância) é considerada um “erro”. Em certos casos, tem emprego legítimo, para conferir clareza, ou mesmo ênfase, à expressão. São os pleonasmos chamados de estilísticos, como na expressão “ver com os próprios olhos”.
Um cidadão, por exemplo, diante da raridade de um evento, pode pronunciar (e até mesmo redigir): “Vi com estes próprios olhos uma apresentação dos Beatles.”
Em palavras simples, se a repetição é inútil, fuja disso.
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Diogo Arrais (@diogoarrais) é professor de língua portuguesa e autor gramatical pela Editora Saraiva.